terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Massacre de Felisburgo: Oito Anos de Impunidade



Em 20 de novembro de 2004, no Município de Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, aconteceu um dos mais estúpidos massacres da historia de Minas e do Brasil. O latifundiário Adriano Chafik e mais 17 pistoleiros invadiram o acampamento Terra Prometida em plena manha de sábado atearam fogo nos barracos, escola e fortemente armados com pistolas, escopetas, rifles assassinaram 5 trabalhadores Sem Terra e balearam mais 12, entre elas uma criança de 12 anos. As famílias vinham sendo ameaçadas há mais de 2 anos, sendo que vários Boletins de Ocorrência foram feitos na Delegacia de Policia local e nada foi feito pelas autoridades locais para evitar mais um massacre sangrento manchando nossa sociedade que se diz civilizada.
O suposto proprietário é “dono” de pelo menos mais três fazendas na região e pelo menos mais quatro fazendas no Sul da Bahia. Na Fazenda Nova Alegria em Felisburgo, o Instituto de Terras de Minas Gerais comprovou que pelo menos 515 hectares de terras são devolutas, ou seja, o fazendeiro grilou as terras públicas, mesmo assim, a fazenda não foi desapropriada. A policia prendeu Chafik por duas vezes e foi solto as duas vezes pela “justiça” brasileira. As famílias vítimas do massacre ainda estão traumatizadas e muitas delas ficaram invalidas para o trabalho da roça e nunca foram indenizadas pelo Estado e nem seus pertences pessoais não foram ressarcidos.
Nas se sabe se por ironia da historia, no mesmo dia 20 de novembro de 1695, o Bandeirante Domingos Jorge Velho saiu de são Paulo para assassinar o líder negro Zumbi dos Palmares em Alagoas, o fato é que o Brasil em toda sua trajetória histórica as elites brasileiras sempre recorreram à violência para manter seus privilégios. Assim foi com os povos nativos, com os negros, com os operários, com os menores de rua, com os Sem Teto, com os Sem Terra.
A razão de tanta violência tem sido sempre as mesmas: a ganância das classes ricas; a proteção do Estado brasileiro; a garantia da impunidade por parte da justiça; a desigualdade social em que as medidas do Estado não mudam a estrutura injusta de nossa sociedade. Os povos que se organizam para mudar essa estrutura injusta são perseguidos e criminalizados pelas elites, enquanto os “cachoeira” da vida vivem soltos e protegidos pela justiça.
Após mais de oito anos do Massacre de Felisburgo chegou a hora da sociedade mineira e brasileira fazer justiça, pois no dia 17 de janeiro de 2013 o assassino Adriano Chafik (réu confesso), irá a júri popular em Belo Horizonte. É a vez da sociedade dizer um basta a impunidade e aos massacres. É a oportunidade de exigir que se faça justiça na terra dos massacres. Queremos que se faça justiça condenando Chafik e seus pistoleiros com uma pena exemplar, pois do contrario continuaremos assistindo a violência contra nosso povo pobre que luta por melhores condições de vida. É momento também de exigirmos que se faça definitivamente a Reforma Agrária em nosso país para que possamos dar uma vida digna aos trabalhadores do campo e para produzir alimentos saudáveis para o povo brasileiro.

Fonte: Marilia Soares - Levante MG

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